agosto 30, 2024| Criatividade, Cinema|5 Minutes

O poder da nostalgia em brand storytelling

Como encantar corações e despertar almas através de narrativas que ecoam no tempo.

Quando eu vi o último filme da franquia Indiana Jones (e o Chamado do Destino), um monte de lembranças pipocaram na minha mente.

Acompanhar as aventuras do Professor Jones de Caçadores da Arca Perdida até A Última Cruzada, marcou minha infância e adolescência.

Essas memórias voltaram porque o último filme tenta recapturar a essência da trilogia original. E trabalha muito bem a nostalgia.

Essa memória não foi tão forte com o quarto filme da franquia, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, quando Spielberg tentou revitalizar o personagem (e errou feio, errou rude).

Sabe aquela sensação calorosa e reconfortante quando a gente vê um comercial antigo ou um filme que marcou nossa infância. Ou aquele sorriso involuntário quando reparamos numa embalagem clássica nas prateleiras?

É a nostalgia, tocando profundamente na psique humana e gerando sentimentos de conforto e familiaridade.

"A nostalgia é uma ferramenta poderosa para contar histórias, capaz de evocar emoções fortes e influenciar comportamentos do consumidor de maneiras significativas."

As marcas podem usar para criar uma conexão íntima com as pessoas. Podem criar um sentimento de pertencimento, felicidade e saudade do passado. A nostalgia tem a capacidade de nos transportar para uma época mais simples, onde a vida era menos complicada e mais inocente.

Num mundo cada vez mais incerto, seja financeiramente ou politicamente falando, é um sentimento que nos leva para um lugar “seguro”.

Pense em como a The Coca-Cola Company sempre encontra maneiras criativas de revisitar seu icônico design de garrafa ou jingles antigos em suas campanhas.

A Volkswagen, por exemplo, reavivou o amado Fusca décadas após sua descontinuação, capturando a atenção de antigos e novos fãs.

Ou a série “Stranger Things” da Netflix que trabalha pesado com a nostalgia para criar um universo muito rico que combina personagens complexos, música, figurinos, locações e todo tipo de referência sobre cultura pop.

A série mergulha fundo nas referências dos filmes dos anos de 1980, como E.T. O Extraterrestre, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, Enigma de Outro Mundo, A Hora do Pesadelo e tantos outros filmes que marcaram essa época (e me deram alguns traumas de infância…rs)

Mas a força da nostalgia vai além, transcendendo gerações e se tornando uma ferramenta universalmente indetificável. Ela amplia o apelo da marca e promove um senso de camaradagem entre consumidores de todas as idades.

No mercado cada vez mais competitivo, utilizar estéticas retrô ou temas nostálgicos é uma forma eficaz de se diferenciar e fortalecer a identidade e posicionamento da marca.

Porém, encontrar o equilíbrio entre nostalgia e inovação é essencial para manter a relevância.

Reinterpretações modernas de temas clássicos ou a incorporação de elementos contemporâneos em campanhas nostálgicas são estratégias que podem ter bons resultados.

No Super Bowl de 2023, por exemplo, a Rakuten trouxe de volta a personagem de Alicia Silverstone no filme “As Patricinhas de Beverly Hills

O anúncio funciona porque a icônica personagem Cher é viciada em compras. E ela está falando sobre um app de cashback. Ou seja, a personagem está alinhada com a marca.

É claro que não há como prever exatamente o resultado, como as pessoas se sentirão em relação à essa mensagem nostálgica, por isso é importante (como sempre) entender com quem você quer se comunicar. Entender o comportamento e as comunidades dentro do universo a sua marca vai abordar.

A nostalgia não apenas conquista corações, mas também impulsiona decisões de compra, criando um senso de autenticidade e credibilidade. Ela revitaliza marcas dormentes ao resgatar memórias afetivas do passado e reavivar o interesse dos consumidores.

Vou deixar aqui o famoso clipe “Carrossel” da série Mad Men, que ilustra o cabeçalho desse artigo. Nesse vídeo, Don Draper apresenta o conceito criativo para um slideshow e usa nostalgia como pedra fundamental.